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Fiz dois Erasmus: o meu testemunho

  • Foto do escritor: Rita Mestre
    Rita Mestre
  • 15 de abr. de 2020
  • 5 min de leitura

Desde bastante nova que comecei a participar em intercâmbios na minha escola secundária. Durante estes projetos, tive a oportunidade de visitar vários países europeus e conhecer alunos de um pouco por toda a Europa. Estes intercâmbios funcionavam um pouco como o programa Erasmus mas eram de curta duração e, por norma, ficávamos alojados em casas de alunos durante o período do intercâmbio. Desde essa altura que me foi introduzido o programa Erasmus e fiquei logo com vontade de participar. Durante a licenciatura, em 2016, fiz Erasmus na Sciences Po Lille - Institut d'études politiques de Lille, em França, e no mestrado, em 2018, fiz na Facultad de Ciencias Políticas y Sociología da Universidade Complutense em Madrid, Espanha.


Vou organizar este post por perguntas porque torna mais fácil a leitura, bem como a procura de informação específica.


Em que ano devo fazer Erasmus?

Tendo em conta que muitas pessoas vêm o programa Erasmus como uma oportunidade de fazer cadeiras em atraso, existe muita gente que vai no último ano precisamente para isso. No meu caso, e como tinha todas as cadeiras feitas, a minha escolha deveu-se apenas ao timing que eu achava que era mais favorável para mim. Acabei, então, por fazer Erasmus durante o primeiro semestre do terceiro ano (o meu curso tem 3 anos).


Bruxelas, 2016/Madrid, 2018/Lille, 2016


Qual a universidade que devo escolher?

O primeiro passo é perceber quais os acordos bilaterais entre a vossa universidade e as universidades no exterior. No meu caso, pedi a opinião a ex-Erasmus, bem como a alguns professores. Os fatores que me fizeram escolher a faculdade foram:


- País e cidade: sempre quis experienciar viver em França pela minha proximidade à cultura e à língua francesa. A cidade de Lille fica localizada muito perto da fronteira com a Bélgica que, consequentemente, fica perto de outros países como a Alemanha, Holanda e Luxemburgo. Tive oportunidade de visitar vários países pela proximidade da cidade a estes. A cidade de Madrid fica bastante perto de Portugal também, o que permitiu que eu me deslocasse várias vezes a casa durante a mobilidade. Em Lille existiam organizações de estudantes que organizam estas viagens de 1/2 dias a cidades próximas e eu viajei sempre que pude! Em Madrid, a maior parte das viagens foram por minha conta pois os voos de/para Madrid eram super baratos... Cheguei a comprar voo para Dublin (ida e volta) a 40€, por exemplo.


Roterdão, 2016/Dublin, 2018/Madrid, 2018


- Oferta educativa - disciplinas e seminários disponíveis para alunos Erasmus: existem cadeiras específicas para alunos Erasmus e, por vezes, são mais acessíveis mas, novamente, depende da faculdade. No meu caso, eu preferi escolher cadeiras quem fossem mais próximas às do programa do meu curso.


- Qualidade do ensino: ambas as universidades que escolhi têm muito valor neste aspeto e foi por essa razão que enveredei pelas mesmas. Ambas universidades estão bastante bem qualificadas na minha área e isso fez com que não tivesse dúvidas na escolha. Também me baseei no feedback de ex-alunos Erasmus que me ajudaram bastante a escolher a faculdade.


- Língua em que são leccionadas as cadeiras: eu queria praticar a língua francesa, então preferi escolher uma universidade que oferecesse cadeiras em francês. Das 8 cadeiras que tive em França, 7 eram leccionadas em francês e em Espanha eram todas leccionadas em espanhol. Isto parte, obviamente, do interesse de cada um. Existiam muitas opções de cadeiras em inglês mas eu preferi sempre escolher as disciplinas leccionadas na língua do próprio país.


Madrid, 2018/Brugges, 2016/Madrid, 2018


- Custo de vida no país: este fator é igualmente importante e, para algumas pessoas, pode resultar na exclusão de alguns países pelo seu custo de vida. No meu caso, já tinha planeado os Erasmus há algum tempo e já tinha algumas poupanças precisamente para o fazer. França é, sem dúvida, um país muito caro e a bolsa Erasmus nem sempre chega a tempo e horas. O timing de receção da bolsa depende das universidades pois, no meu caso, recebi parte da bolsa referente à mobilidade em França já depois de ter regressado a Portugal. No caso de Espanha, recebi atempadamente durante o período que lá estive.


- Facilidade em encontrar alojamento: esta foi a pior parte em ambas as experiências Erasmus. Existem muitos sites como o Spot A Home, Airbnb, Uniplaces e alguns grupos de Facebook que funcionam como plataformas de procura de casa. Em França, a dificuldade foi maior porque existem bastantes exigências para alugar uma casa ou um quarto: fiador, mínimo de estadia e cauções enormes. É preciso ser persistente e não desistir à primeira!


Lille, 2016/Mont Saint-Michel, 2016/Strasbourg, 2016


Qual o valor da bolsa?

O valor da bolsa de Erasmus depende do país. Os países estão divididos por categorias consoante os custos de vida nos mesmos. Podem consultar essa informação aqui.


Vou ter equivalências a todas as cadeiras?

Esta parte é um pouco mais complicada de responder pois vai sempre depender do professor responsável pela mobilidade e dos créditos atribuídos a cada cadeira na faculdade de acolhimento. Antes da mobilidade, é sempre entregue ao aluno um documento chamado Learning Agreement que apresenta as correspondências das cadeiras que o aluno se propõe a fazer durante o Erasmus. Nesse documento constam as disciplinas na faculdade de origem e os créditos correspondentes e as disciplinas na faculdade de acolhimento e os créditos correspondentes. O documento vai assinado pelas quatro partes (aluno, professor responsável na faculdade de origem e faculdade de acolhimento) e é o comprovativo de que o aluno se compromete a completar X créditos durante a mobilidade. No meu caso, tive equivalência a todas as disciplinas mas, por exemplo, em França as cadeiras valem 3/4 créditos, enquanto que em Portugal valem 6.


Lille, 2016/Paris, 2016/Lille, 2016


Como fazer amigos em Erasmus?

Existem sempre imensas atividades para alunos Erasmus para contribuir para a sua integração na faculdade. O ideal é participar em tudo aquilo que se goste e ir conversando com várias pessoas. Existem atividades mesmo específicas para praticar a língua, para conhecer pessoas e partilhar experiências como os pub crawls, viagens em conjunto, peddy-papers, festas temáticas... Eu sou uma pessoa bastante social e tentei sempre participar em várias atividades até criar um grupo de pessoas com quem normalmente saía. O que não faltam são associações de estudantes como a ESN (Erasmus Student Network) e grupos de alunos de Facebook!


Madrid, 2018/Lille, 2016


Como poupar durante a estadia?

Esta parte pode parecer complicada mas não o é assim tanto. Pessoalmente, fiz todos os cartões de lojas (supermercados, sobretudo) possíveis e imaginários. Haviam imensas festas com petiscos incluídos (como festas temáticas sobre X país, onde os alunos cozinham comidas típicas do seu país), descontos para estudantes... O truque é procurar tudo o que sejam promoções e, claro, aproveitá-las! Caso a bolsa não seja entregue no devido tempo, podem falar com a faculdade para acelerar esse processo e dar a entender de que precisam da mesma para se poderem manter no país.

Ter feito dois programas Erasmus enriqueceu-me de diversas maneiras. Começando pela experiência de viver fora do país... É preciso criar alguma estrutura emocional para estar fora durante a mobilidade, sobretudo se não for possível voltar a casa regularmente. Isso permite crescer bastante a todos os níveis e criam-se, inevitavelmente, algumas características e desenvolvem-se outras. Sinto que me tornei uma pessoa bastante mais tolerante, bem mais “mente-aberta” porque, no final de contas, somos estudantes de todo o lado com algo em comum: estamos noutro país “desconhecido”. Isso cria, evidentemente, muitos laços que perduram no tempo. Fazer Erasmus também nos dá algum currículo pois estudar noutra língua nem sempre é fácil e permite adquirir conhecimentos que poderia não adquirir aqui. Em todas as entrevistas de emprego às quais me submeti, me perguntaram sobre o programa Erasmus e pedem sempre que falem sobre essas experiências.

Se hoje me perguntassem se voltaria a fazer Erasmus a resposta era, definitivamente, sim! E, obviamente, aconselho a todas as pessoas que façam e, decerto, não se arrependerão.

Tens alguma dúvida em que eu possa ajudar ou ficou algo por responder? Se sim, deixa nos comentários e terei todo o gosto em esclarecer no que puder.

Obrigada por leres o meu post,

Rita

 
 
 

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